segunda-feira, 20 de abril de 2009

SOBRE NOSSA BOA TERRA


História

Com a instalação do Govêrno-Geral do Brasil na cidade do Salvador, para êsse fim criada em 1549, os primeiros colonos foram se estabelecendo nas terras adjacentes da Bahia de Todos os Santos, que além de fértil oferecia a segurança desejada aos constantes ataques dos índios tupinambás, senhores da gleba, os quais eram considerados de índole belicosa e feroz, vivendo em contínua hostilidade com os seus irmãos de outras tribos.

Já no primeiro século do Brasil, o abastado fazendeiro e intrépido bandeirante Garcia Dias d' Á vila leva os seus currais muito além de Açu da Tôrre (enseada do Tatuapara) e obtém enormes sesmarias que o tornam o mais opulento proprietário territorial. Profundamente divergiam os índios do interior baiano daqueles que assentavam os seus arraiais às ribas do oceano. De tipo mais baixo, tez mais acobreada, menos apto talvez à civilização, com língua mais rude como a onomástica no-la atesta, constituíam o que se tem convencionado chamar de o "uarupo dos fapuias".

Com a chegada dos portuguêses, foi-lhes declarada guerra aberta, cuja intensidade diminuiu com a vinda dos abnegados padres da Companhia de Jesus, em missão de catequese, ministrando aos gentios as luzes da doutrina cristã o que contribuiu de modo significativo para lhes domar a índole guerreira, chamando-os à grei cristã, possibilitando, destarte, a penetração no interior.

Há incerteza quanto à tribo que ocupava a região onde hoje está localizado o município de Paripiranga. Tupinambás não o eram, certamente, porquanto êstes estavam localizados no baixo Irapiranga (Vaza Barris), em terras férteis, e não tinham necessidade nem lhes servia estabelecerem-se no "agreste". Na vasta região circunscrita pelos rios São Francisco, Jacurici e Itapicuru, algumas tribos mantinham seus aldeamentos. Sabemos que na região de Jeremoabo havia as tribos mungurus e ceriacás, quase sempre em pé de guerra, a ponto de O governador-geral D. João Lancastre, em 1697, ameaçar o chefe dos muncurus de mandar decapitá-Ias se a sua gente não sustasse os ataques reiterados contra os cariacás e, na região de Euc1ides da Cunha, a tribo dos caimbés.

Nada se pode adiantar de positivo quanto 80S índios que habitavam as terras onde atualmente está situado o município de Paripiranga. É, no entanto, tradição corrente, que ali existiu uma tribo denominada vermelhos, havendo quem admite pertencesse ela à família dos tapuias.

A primeira penetração no território ocorreu no século XVII, quando colonos portuguêses se fixaram no município, fazendo nascer a povoação de Malhada Vermelha, cujo nome foi mais tarde, mudado para Patrocínio do Coité, hoje cidade de Paripiranga.

Nos seus primórdios, a povoação de Malhada Vermelha foi premiada pelo cidadão José Antônio de Menezes, que construiu uma capela sob a invocação de Nossa - Senhora do Patrocínio, filiada à freguesia de Nossa Senhora do Bom Conselho dos Montes do Boqueirão. A dita capela foi elevada à categoria de freguesia pela Lei provincial número 1168, de 22 de maio de 1871, com o nom!, de Nossa Senhora do Patrocínio do Coité.

Foi o arraial de Patrocínio de Coité elevado à categoria de vila pela Lei provincial número 2553, de 1.0 de maio de 1886, que criou o município de Patrocínio de Coité, com território desmembrado do de Bom Conselho (atual Cicero Dantas), que se instalou a 1.0 de fevereiro de 1888. Pelo Decreto estadual número 7341, de 30 de março de 1931, o município teve o seu nome mudado para Paripiranga.

Os Decretos estaduais 7455, de 23 de julho de 1931 e 7479, de 8 de julho do mesmo ano, anexaram a Paripiranga o município de Cícero Dantas, sendo ai criada a subo prefeitura do mesmo nome. O município de Cícero Dantas foi restabelecido pelo Decreto estadual número 8447, de 27 de maio de 1933, ficando o município de Paripiranga constituído de dois distritos: Paripiranga e Adustina, cuja composição administrativa foi ratificada de acôrdo com a Lei número 62-8, de 30 de dezembro de 1953. Recentemente o distrito de Adustina ganhou autonomia administrativa e elevou-se à categoria de cidade.

Foi primeiro Intendente o padre Vicente Valentino da Cunha e compunha a primeira Câmara os seguintes vereadores: João Cardoso dos Santos (presidente), Alexandre José Ribeiro, Ludugero de Sousa Rocha, Joaquim Norberto de Santana, Diocleciano Mainart de Oliveira e João Antônio dos Anjos (Compilação da Inspetoria Regional de Estatística por José de Almeida Costa; Chefe da Agência Municipal de Estatística - Antunes Santa Rosa Carvalho).

Localização e posição do município em relação ao estado e sua capital

O município de Paripiranga localiza-se na Zona Fisiográfica do Nordeste, ficando totalmente incluído no Polígono das Sêcas. Limita com os municípios de Cícero Dantas, Jeremoabo, Simão Dias e Poço Verde, os dois últimos do Estado ele Sergipe. A sede municipal possui as seguintes coordenadas geográficas: 100 41' 02" de latitude Sul e 37° 51' 54" de longitude W. Gr. Rumo da Capital do Estado em direção à sede municipal, da qual dista em linha reta 250 quilômetros, N.N.E.

Distância rodoviária dos principais centros urbanos

Capital Federal - 1974 km; Capital do Estado - 428 km; cidades vizinhas de Cícero Dantas - 63 quilômetros; Jeremoabo - 125 quilômetros; Simão Dias (SE) - 9 quilômetros e Poço Verde (SE) - 48 quilômetros.

Altitude

A altitude da sede municipal é de 430 metros.

Área

A área do município é de 289 km².

Clima, vegetação e riquezas naturais

O clima do município é quente e sêco no verão, e frio, sêco e muito agradável, no inverno. A temperatura da sede municipal apresentou, em 1956, as seguintes graduações: máxima - 30°C, mínima - 18°C, média - 24°C.

O município apresenta a topografia acidentada com algumas elevações; é banhado pelo rio Vaza-barris e por outros cursos de água de menor significação.

O revestimento florístico do município é rico, revelando a existência de madeiras de lei, destacando-se pau d'arco, jacarandá, pau-ferro e notando-se também as seguintes plantas medicinais: gengibre, jurubeba, purga de batata, catuaba, quina, capeba, mastruço, malva, herva de Santa Luzia, quebra-pedra, ipecacuanha, fedegoso, cássia, angico, barbatimáo e outras.

A fauna é peculiar à maioria dos municípios do Nordeste. De origem mineral existem jazidas exploradas de pedra para construção, manganês e pedra calcária e não exploradas de cristal de rocha.

Cultos religiosos

O município é sede da Paróquia Nossa Senhora do Patrocínio, subordinada à diocese de Paulo Afonso. Há algumas Igrejas Protestantes e comunidades de cult espírita e afro-brasileriro, mas de menor expressão.

As principais celebrações religiosas são: Natal - com a tradicional "Missa do Galo". São João - Queimam-se fogos de artifícios e nos lares são servidos aos visitantes canjica de milho verde, milho assado, licores, principalmente o de jenipapo, doces, etc. São Pedro - assemelha-se à de São João, havendo, no entanto, uma grande festa de cunho secular. Festa da Padroeira, Nossa Senhora do Patrocínio - realizada em novembro, consta de missa festiva e procissão que, à tarde, percorre as ruas da cidade e recolhe-se à Igreja Matriz, onde os fiéis recebem a bênção do Santíssimo Sacramento.

Justiça

Pela Lei provincial número 2553, que o criou, o município ficou como têrmo da comarca de Jeremoabo, desta passando para têrmo da de Bom Conselho, pelo Ato estadual de 16 de maio de 1890.

O Decreto estadual número 1 351, de 8 de janeiro de 1914, transferiu provisoriamente para o têrmo de Patrocínio do Coité a sede da comarca de Bom Conselho, que retomou ao seu lugar primitivo pela Lei estadual número 1119, de 21 de agôsto de 1915, passando Patrocinio do Coité, em virtude dessa mesma lei, a têrmo da Comarca de Jeremoabo.

Pelo Decreto estadual número 6 145, de 8 de abril de 1929, Patrocínio do Coité passou a ser sede provisória 'da Comarca de Jeremoabo, que retomou ao lugar primitivo pelo Decreto estadual número 6527, de 11 de outubro do mesmo ano.

A Lei estadual número 2225, de 14 de setembro de 1929, transferiu para a com arca de Bom Conselho o têrmo de Patrocinio do Coité. Já com a denominação de Paripiranga, o têrmo foi transferido desta última para a comarca de Jeremoabo, pelo Decreto estadual número 7481, de 8 de julho de 1931. Desmembrada desta, foi a comarca de Paripiranga criada pelo Decreto-lei estadual número 141, de 31 de dezembro de 1943.

Outros aspectos do município

Aos naturais do município aplica-se o pátrio paripiranguenses. O nome primitivo da localidade onde se originou o município era "Malhada Vermelha", proveniente da abundância de terrenos argilosos com a denominação local de "selão", depois mudado para Patrocínio do Coité, havendo ligação dêsse nome com a existência, na extrema oriental do município, de grande exemplar de uma árvore denominada coité. Finalmente, por fôrça do Decreto estadual n.O 7 341, de 30 de março de 1931, passou o município a denominar-se Paripiranga, que segundo alguns vem do tupi "terra vermelha", nome primitivo do lugar; e segundo outra versão é a junção dos vocábulos "pari" (cercado de peixes) e de "piranga" (vermelho), donde viria também Ipiranga, o antigo nome do vaza-barris.